Faz de conta que…
… eu sou rainha, princesa, caçador, ou então espera, eu hoje quero mesmo ser a bruxa má ou então o rei que usa a espada. Não há limites nas brincadeiras do faz-de-conta e todas as personagens são válidas desde que despertem alguma curiosidade por parte da criança.
“tão ou mais importante que deixar a criança brincar livremente é dar espaço para que a sua imaginação flua…”
Quando ouvimos o termo faz-de-conta, a nossa imaginação remete-nos para cozinhas, comidas de brincar e todos os utensílios que, na realidade, usamos para confecionar. No entanto, em ponto pequeno parecem-nos mais bonitos e irresistíveis, e aí sim, grandes brincadeiras de faz-de-conta surgem com esse cenário por trás. Mas tão ou mais importante que deixar a criança brincar livremente é dar espaço para que a sua imaginação flua, proporcionar-lhe diferentes brinquedos, materiais e espaços. Uma espada, por exemplo, serve para nos proteger dos vilões que atacam o nosso castelo, mas servirá perfeitamente para serrar madeira, para cortar bolos ou quiçá tocar guitarra.
Temos tendência em criar estigmas nas crianças, muitas vezes de forma inconsciente, mas haverá melhor altura da vida para desconstruir o que está certo do que a infância? Quem mais pode sair à rua de espada em riste sem ser visto de lado? E de saia de tule, rodada a deixar um rasto de purpurinas? Em casa, na rua, a imaginação não tem limites e eles são a prova viva disso.
Creio que a maioria das vezes, estes momentos de faz-de-conta são também lufadas de ar fresco para os pais. São momentos para relaxar e em segundos, sentir o coração acelerado porque deixam de ouvir barulho. Mas se no meio do turbilhão que é a vida, seguirem o conselho referido no artigo anterior e pararem alguns minutos para observarem as vossas crianças, vão se aperceber que uma cozinha facilmente se transforma em consultório médico e que, na vez, dos bolos, existem sempre apetitosas peças de lego.
Eliana Freitas
Educadora de Infância