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TPC ? Será que há tempo? Ou disposição?

Este tema dos trabalhos para casa é um assunto controverso, defendido por uns e criticado por outros. Se analisássemos com atenção a origem do problema, talvez conseguíssemos compreender o porquê.

A crítica começou a existir quando a sociedade se alterou e as crianças deixaram de sair cedo da escola, as atividades depois da escola começaram a existir que nem cogumelos em tempo de chuva e de repente, nem tempo, nem disposição para as fichas.

Atualmente se olhássemos com atenção o dia de uma criança (por exemplo do 1.º ciclo) ficaríamos cansados a meio e conseguíamos compreender algumas birras de fim de dia, quando mais uma vez, têm de se sentar para fazer as tarefas.

Nós adultos, quando temos de levar trabalhos para casa resmungamos entre dentes e lá os fazemos, mas contrariados. O mesmo se passa com as crianças. É claro que as crianças não são todas iguais e mesmo as que estão sempre motivadas para desempenhar e cumprir objetivos, merecem descanso e lazer.

Merecem tempo para lanchar sossegados, para se distraírem com os passarinhos (já que dentro da sala não podem), para correrem atrás do cão do vizinho e esfolarem o joelho e para em casa descansarem e usufruírem de tempo de qualidade em família, sem gritos, nem choros, nem grandes exigências de fim de dia.

Afinal, TPC sim ou não?

Na minha opinião, enquanto professora, tal como em muitos assuntos da vida, bom senso e equilíbrio é a chave para uma fechadura mágica que é a motivação para aprender.

Assim no meio deste sim e não, existem os professores que defendem o meio-termo, que assumem que por vezes o desempenho de tarefas depois da escola pode ser benéfico para a aprendizagem, mas tendo em atenção algumas regras:

  • Pequenos desafios – Os TPC devem ser curtos, fáceis e motivantes – duas vezes por semana (sexta e outro dia, que até pode ser combinado com os pais quando as crianças são mais pequenas ou no caso das mais velhas pode ser negociado com elas).
  • Autonomia – O objetivo dessas tarefas é o compromisso e a autonomia. No caso de pequenas tarefas como a realização de exercícios, não é para serem feitos pelo pai ou pela mãe. Aliás, normalmente estas dinâmicas provocam desgaste em algumas famílias. Caso sinta que as tarefas não estão a ser produtivas e que são causadoras de mau estar em casa, converse com o professor. Quando o seu filho se sente mal com algum medicamento, também regressa ao médico, correto?
  • Viver é um grande trabalho de casa! – No fim-de-semana estes trabalhos podem incluir algo relacionado com a vivência da criança (por exemplo: escrever algumas linhas sobre o fim de semana, fazer desenhos ou trazer algum objeto especial desses dias) e promover na segunda-feira a partilha e desenvolver a partir daí muitas aprendizagens. É surpreendente o que se aprende por exemplo numa ida a um museu, a uma peça de teatro ou a qualquer outro sítio, desde que a criança esteja desperta a essas aprendizagens.

A partir dessas partilhas, enquanto professores, podemos identificar gostos e quem sabe, desafiar as crianças a fazer uma pequena investigação sobre um assunto. Aí podemos envolver família e esse trabalho, desde que exista motivação intrínseca, não vai ser chato nem rotineiro, mas uma aventura e uma descoberta constante.

Neste sentido, os TPC de fim-de-semana ou de interrupções letivas podem incluir: dar um passeio de bicicleta, fazer um bolo com os avós ou alguém da família, passar tempo família e amigos, fazer caminhadas e apanhar pedras e folhas, deitar na relva a olhar o céu.

A vida em si é cheia de aprendizagens e se olharmos bem ao nosso redor temos inúmeras experiências novas para que a criança aprenda com o mundo e a vida. Os livros são importantes, mas as crianças têm de aprender a ler o mundo e só assim vão conseguir ler os livros.

[email protected] – Educadora e Professora do 1.º CEB

Image by Alexas_Fotos on Pixabay

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