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Brincar, hoje e sempre!

 

“A criança precisa de ter espaço para criar tempo. Tempo para Brincar, tempo que seja TODO TEMPO INTEIRO. Para Sentir, Aprender, Pensar…nas coisas sérias da vida… no Brincar.” João dos Santos (2007) p.312

 

As crianças não habitam hoje o mesmo espaço que nós. “Eles habitam um espaço topológico de vizinhanças enquanto nós vivíamos num espaço métrico, marcado por distâncias”. (Michel Serres, 2008).

Net e Brincar: quem ganha?

O uso da Net, das redes sociais e do telemóvel à distancia dos cliques, facilitam uma certa proximidade virtual do conhecimento e das relações, mas que não usam os mesmos neurónios que o livro, o caderno, os jogos de grupo e o brincar.

E brincar sempre foi e continua a ser uma actividade essencial para a criança, quando em espaço e tempo livre e sob a orientação do educador, se experimentam a si aos outros e aos seus limites e capacidades. É pelo brincar que a criança mais facilmente descobre o “outro” e se descobre no meio dos outros.

O grande vencedor… o Brincar!

É brincando que a criança exercita a sua criatividade, e é na brincadeira que ela se experimenta na passagem da actividade criativa para a actividade criadora. A criança necessita da sua actividade criadora para completar as suas mensagens que, por insuficiência da sua linguagem falada ou escrita, não consegue transmitir.

É por isso que o uso de actividades expressivas, como a pintura, a música, a modelagem, o movimento e drama e outros se tornam essenciais na sua actividade lúdica, já que facilitam a sua expressão criadora sobretudo pela facilidade e liberdade de se exprimirem através delas.

Espaço para o Brincar!

Mas para que o brincar seja construtivo, a criança necessita de espaço e de tempo livre, verdadeiramente livre.

No brincar treina-se o jogo simbólico, e através dos jogos de faz-de-conta ou da imitação, a criança transporta-se para uma outra dimensão em que realiza um dos seus principais objectivos: deixar de ser criança e ser adulto. A imitação constitui o grande factor de adaptação da criança ao mundo exterior, e os jogos do faz de conta permitem-lhe, embora que simbolicamente, situar-se noutros papéis, experimentar-se e treinar-se neles. A própria criação dos seus próprios instrumentos de brincar permitem à criança descobrir-se nas suas novas competências do fazer e do ser capaz. E naturalmente que isso facilita a construção da sua identidade e melhora a sua auto-estima.

Crescer a Brincar!

Parece, pois não haver dúvidas sobre a importância do brincar no desenvolvimento físico social e caracterial da criança. Nos tempos de agora, parece cada vez mais difícil facilitar à criança esta actividade do brincar, quer pela ausência de tempo dos pais quer pela perigosidade que se instalou nos espaços que poderiam e deveriam ser livres.

Esse, eventualmente, será um dos maiores defeitos do nosso sistema educativo. Urge corrigir e reinventar a pedagogia na certeza de que qualquer esforço nesse sentido resultará garantidamente num melhor acompanhamento e protecção do crescimento global da criança. Até porque, como nos disse Charles Govin, “é mais fácil construir um menino do que consertar um homem.”

Professor Adelino Antunes – Doutorado em Sociologia

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