O Desportivismo, as Crianças e os Pais
Com o fim da escola (falta pouco mais de 1 mês) chega ao fim mais uma época desportiva para a grande maioria das modalidades. Mais um ano de esforço e superação para todos. E como nem todos podem ganhar, foi também um ano de tristezas para uns e alegrias para outros.
No final, tal como acontece na escola, conta o que se cresceu, o que se aprendeu. E como podem as crianças levar esses ensinamentos para a sua vida futura.
O desportivismo ou fair play, no que diz respeito às modalidades praticadas por crianças, continua também na ordem do dia. Ouvem-se aqui e ali, situações em que as crianças se sujeitam ou são sujeitas à falta dele por treinadores, adeptos e muitas vezes ao contrário do que seria de esperar, pelos pais. É destes pais e mães que têm filhos que praticam desporto em qualquer nível de competição que vamos falar.
Que tipo de mãe/pai é?
Cabe aos pais um papel relevante na educação dos filhos. Em resultado, devem ser os primeiros a criar condições e ter comportamentos para que a prática desportiva seja agradável para as crianças.
Em vez disso são muitas vezes os pais, certamente sem intenção, que em vez de um ambiente agradável, criam um ambiente de tensão que favorece a violência em vez do desportivismo.
Se tem filhos que praticam desporto, já alguma vez analisou que tipo de pai ou mãe é?
Segundo o IPDJ – Instituto Português do Desporto e da Juventude, há 5 tipos de pais:
1- Pais que gritam muito
São aqueles que apenas olham e vêm as coisas negativas e estão permanentemente a gritar com os atletas (filhos ou não), com os árbitros/juízes e até com os treinadores.
2 – Pais que apoiam em excesso
São aqueles demasiado exuberantes no apoio que prestam e que acabam por deixar os filhos embaraçados.
3 – Pais Treinadores
Aqueles que analisam em excesso a atividade desportiva do filho com o objectivo de inventariar tudo o que a criança têm de melhorar pressionando constantemente a criança acerca desses pontos.
4 – Pais que gostavam de ter sido atletas
Vivem os seus sonhos através dos filhos e pensam que são eles que estão a competir. Estão sempre a fazer sugestões de como fariam se fossem eles que estivessem no jogo.
5 – Pais que não ligam nenhuma
Acompanham os filhos para todo o lado. Mas no treino ou na competição estão quase sempre de volta do telemóvel, seja a navegar na internet, a falar com os amigos ou a tratar de negócios.
6 – Pais 5 estrelas
Colocam a sua atenção no filho e não no resultado final da competição. Além de apoiar positivamente o filho e respeitam todos os intervenientes desportivos.
O que podem os pais fazer?
Tal como na educação do dia-a-dia, ao constituírem-se como modelo e referência de bom comportamento, é aos pais que cabe em primeiro lugar um papel fundamental no aumento do desportivismo. E há muitas formas de o fazer:
a) Incentivar ao desportivismo
- Apoiar e aplaudir as boas práticas de todos os atletas mesmo que não sejam da equipa do filho.
- Cumprimentar todos os intervenientes da partida: jogadores, adversários, árbitros/juízes, treinadores, etc.
b) Respeitar árbitros/juízes
- Aceitar as decisões tomadas em campo – tal como todos, os árbitros/juízes são humanos e podem cometer erros.
c) Controlar as emoções
- Ser entusiasta e apoiante é uma coisa, querer ser treinador dando indicações aos atletas de como fazer é outra.
- Nunca usar linguagem ofensiva.
- Evitar e nunca entrar em conflito direto com outros intervenientes ou espetadores da partida.
d) Ajudar as crianças a ter prazer na prática desportiva
- Nunca ridicularizar ninguém pelo fato de ter cometido um erro.
- Dar ênfase e apoiar sem reservas o esforço, o prazer pela pratica desportiva em vez de apenas e somente a vitoria.
De acordo com o código de ética desportiva do Instituto do desporto “O fair play significa muito mais do que o simples respeitar das regras; mas cobre as noções de amizade, de respeito pelo outro, e de espírito desportivo, um modo de pensar, e não simplesmente um comportamento. O conceito abrange a problemática da luta contra a batota, a arte de usar a astúcia dentro do respeito das regras, o doping, a violência (tanto física como verbal), a desigualdade de oportunidades, a comercialização excessiva e a corrupção.”
Em conclusão o desportivismo é a apreciação do desporto por si mesmo, que se resume na expressão do fundador dos jogos olímpicos da era moderna, Pierre de Coubertain: “O mais importante não é vencer, mas sim, participar”.